Até onde tolerar a intolerância?

Abordar o tema religião sempre causou muita polêmica, principalmente quando discutidas entre grupos que possuem opiniões tão antônimas.
Minha intenção ao escrever este texto não é abordar e comentar de fato as religiões em si, e sim argumentar a respeito da intolerância de determinadas pessoas à crença de outras.
Criada em uma família de católicos praticantes, acompanhei diversas vezes situações de discriminação em relação a outros grupos, apenas por acreditarem de diferentes formas no Deus em que acredito. A questão é que à medida que fui crescendo comecei a analisar, formar minhas próprias conclusões, e me deparei novamente com situações de desrespeito, só que dessa vez a minha crença também estava em xeque.
Acreditar que apenas sua religião é a correta não é problema nenhum, não há mal algum em cultuar, amar e falar sobre o seu Deus, a grande problemática é até onde você respeita o direito do seu próximo de crer ou não no que você aceita e prega.
Exemplificando de forma mais concreta podemos citar a guerra entre palestinos e israelenses, que se confrontam a anos graças a terras historicamente relacionadas a cultura e a polêmica religião. Seria muita ingenuidade acreditar que eles se desentendem apenas por motivos religiosos, e que não há nenhum outro tipo de interesse, a não ser a “terra prometida”, mas esse é um outro assunto mais complicado ainda. Outro exemplo importante e muito comentado é a dominação dos povos indígenas do Brasil, que foram obrigados a aceitar o catolicismo e a cultuar um Deus que eles nunca ouviram falar, deixando para traz sua cultura e história. No entanto, não há maior exemplo de “escravização da mente” do que A Santa Inquisição, onde a igreja católica mandou para a fogueira milhares de “hereges”, que foram contrários aos seus dogmas, também os acusados de praticarem “bruxaria” ou ainda por serem apenas pertencentes a outras religiões. E essa imposição de grupos religiosos maiores e mais fortes sobre uma minoria ou até mesmo uma camada mais fraca perpetuou-se por todo o mundo e perpetua-se mesmo que de forma indireta até hoje.
O que mais me incomoda nisso tudo é o falso moralismo das instituições religiosas, que conceitualmente querem o bem do próximo, a paz nas nações e a igualdade, porém na prática matam prematuramente milhões de pessoas, são responsáveis por guerras e poluem cada vez mais nossas mentes, que estão bitoladas, e ligadas no “piloto automático”, onde aceitamos e não questionamos.
A culpa não é da religião, e sim de quem a prega e a pratica de forma leviana. Muitas vezes as pessoas interpretam de forma errônea o que realmente seu (s) Deus/Deuses querem dizer, e em resposta a isso vivem a conflitar-se.
Foi assim na Torre de Babel, é assim hoje e sempre será, enquanto os seres humanos não entenderem que o respeito é a maior virtude, e que Deus, seja ele quem for, ou o que for, quer de nós apenas uma coisa, muito simples: o amor ao próximo. Sem isso não teremos paz e seremos fadados a viver eternamente em um mundo miserável, mesquinho e hipócrita.

Por Thayara Cristina