E restarão somente as ideias ...

A Sociedade, sim, a sociedade, com seus lindos e penetrantes olhos azuis (ou verdes se preferir), seus cabelos lisos e macios, levemente ou totalmente loiros, e é claro, não podemos esquecer de seu corpo, ah! Seu corpo... Magro, esbelto, quase atingindo a perfeição, só não a alcança por não ser real.
Onde estará a maravilhosa sociedade agora? Estará fazendo compras? Escolhendo seu melhor vestido da D&G ou talvez desfilando com seu carro do ano, de férias em Ibiza?
A sociedade, tão perfeita, e tão oca. Tão doce e ao mesmo tempo amarga, amarga sim, com os que fogem aos padrões. Padrões? Mas que padrões? Quem os determina? O que é bonito? O que é feio? Quem está certo ou errado? Essas perguntas estão sempre batendo a nossa porta, a porta da mente, da consciência.
Desde sempre a mídia nos impõe o que queremos e seremos, quando somos iguais somos certos, e se somos diferentes? Errados? Simplesmente o sinal estará fechado para nós? Seremos barrados no baile? Sim, claro, pois fugimos aos “padrões sociais”.
Viver em um mundo onde sua aparência, situação financeira, enfim, coisas fúteis, são os únicos requisitos que realmente contam para que você seja reconhecido como um ser admirável e feliz, isto é no mínimo medíocre. E o pior de tudo é que nós aceitamos, ou talvez sejamos enfeitiçados, hipnotizados, controlados de tal modo que não conseguimos enxergar o quão estúpida e hipócrita é a nossa sociedade.
Hoje, pela manhã, conversando com uma amiga, ainda na escola, ouvi a seguinte frase: “Amiga, tenho que entrar na academia, pois preciso arrumar um emprego, e como é em shopping preciso perder pelo menos 7 kilos”. Fiquei chocada, foi quando me dei conta de que somos obrigados a viver apenas de aparência, de status.
E pensar que existem tantas pessoas talentosas que ficam jogadas de lado, simplesmente por não estarem moldadas daquela mesma forma, simplesmente por não serem supostamente “perfeitas”. Tantos dons jogados fora, tantos ... E mesmo que sem dons, somos todos diferentes, cada um com seus defeitos e qualidades, uns mais altos, outros mais baixos, uns mais magros, outros mais gordos, cada um com a sua importância, levando sua vida, do modo que quer e gosta, não seguindo a tal da tendência, ou pelo menos não deveríamos seguir.
O importante é o que realmente somos, não o que aparentamos ser. O que faz diferença é o que temos dentro da nossa cabeça, o que nos faz arriscar, sonhar, lutar, viver ... Afinal, quando você recebe uma carta por exemplo, pode ser até que um envelope colorido e desenhado te chame atenção, mas e depois? O que vai importar, o envelope ou o conteúdo?

Por Thayara Cristina